No frenesi diário da gigantesca São Paulo, ninguém mais nota os rios que lhe deram origem. A não ser ao transbordarem, no período de chuvas, ou quando os odores do lixo neles depositado nos chegam. Em sua maioria, esses leitos de água hoje estão canalizados e sobre eles correm as principais avenidas da cidade.O interessante Entre Rios, doc disponível na web, conta justamente essa trajetória conflitiva da metrópole com os seus rios. Razão de ser da São Paulo de Piratininga, o rio Tamanduateí e o ribeirão Anhangabaú logo representaram barreira ao crescimento. A construção do viaduto do Chá foi o primeiro marco de superação do impedimento representado por esses leitos, ligando o centro velho aos novos loteamentos a oeste da cidade, destinados à emergente elite cafeeira. Na década de 20 as duas áreas são ocupadas por parques: o do Anhangabaú, sobre o ribeirão já canalizado e aterrado, e o Parque D. Pedro II, às margens do Tamanduateí.
Mais tarde foram o rio Pinheiros e o Tietê a se colocarem como obstáculo. Surgiriam justificativas sanitaristas para ocupar e explorar urbanisticamente seus leitos, de várzeas com inundação periódica. Entre Rios registra ainda os grandes projetos públicos em estímulo à expansão urbana. E as razões inevitáveis para, a cada período de chuvas, as águas contidas artificialmente reclamarem de forma destrutiva suas margens originais.
O doc foi realizado pelos alunos Caio Silva Ferraz, Luana de Abreu e Joana Scarpelini, em 2009, como trabalho de conclusão de curso em bacharelado em audiovisual no SENAC-SP, sob a coordenação de Nanci Barbosa e Flavio Brito e orientação de pesquisa de Helena Werneck. Contou ainda com a colaboração de uma equipe considerável, em animação, câmera, trilha sonora e edição de som.
Entre Rios, de Caio Silva Ferraz, Luana de Abreu e Joana Scarpelini; SENAC-SP, 2009, 25 min., dir.: Caio Silva Ferraz; prod.: Joana Scarpelini.

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