31 de agosto de 2010

Educativa nas Letras traz o livro de Lucília Reboredo

Ao citar situações que lhe deram pistas de como poderia viver um outro cotidiano a partir do adoecimento que a acometeu, Lucília Reboredo faz o seguinte registro em seu livro, indicando também a origem do próprio título por ela escolhido para a publicação:

A primeira delas refere-se à minha própria imobilidade, pois ela me impunha apreciar por longo tempo cenas que raramente seriam vivenciadas por pessoas que se locomovem normalmente. Meu lugar preferido no jardim da casa era a churrasqueira, que tinha à sua frente um caramanchão florido e vários pés de camarão amarelo. Nesse lugar, eu podia contemplar, a menos de um metro, o voo, a dança e o pouso dos beija-flores no camarão amarelo. Quando se juntavam vários desses pequenos pássaros, formava-se uma imagem inesquecível. O sol ofertava variados matizes de azul e aquele bailado intensificava-se em seu colorido. Soube que essa dança maravilhosa traz um custo alto aos beija-flores, pois o esforço ali despendido faz com que levem uma vida curta” (p. 63).

Trecho lido por Peli Mariá Aparecida Pelissari (foto), durante entrevista ao programa Educativa nas Letras (FM 105,9), de Piracicaba, sobre o lançamento do livro A Dança dos Beija-flores no Camarão Amarelo, de Lucília Reboredo, dia 18/set., às 16h, no Centro Cultural Martha Watts. Essa edição do programa, sempre sob o comando de Alexandre Bragion e Lucila Calheiros Silvestre, terá transmissão dias 11 (sáb., às 10h30) e 12/set. (dom., às 21h), inclusive por acesso pela web.
Foto: Jac©Edit

26 de agosto de 2010

'Rosencrantz e Guildenstern estarão sempre lá'

O Projeto Psicanálise em Extensão, promovido pela Clínica de Psicanálise de Piracicaba, apresenta, neste domingo (29/ago.), Rosencrantz e Guildenstern estão mortos, filme do dramaturgo inglês Tom Stoppard. Tendo por base dois personagens de Hamlet, de Shakespeare, o filme traz esses cortesões do palácio como uma dupla atrapalhada (Gary Oldman e Tim Roth), que não percebe estar sendo usada pelo rei para liquidar o jovem Hamlet. A produção de 1990 é adaptada da peça homônima dirigida pelo próprio Stoppard, em 1967 em Londres, então com enorme sucesso.

Esses dois personagens são referidos pelo psicanalista Jacques Lacan na lição de 6 de dezembro de 1967 do Seminário 15 (‘O Ato Psicanalítico’) e, com isso, após a projeção haverá uma conversa com o público presente, mediada pela psicanalista Marta Togni Ferreira, médica psiquiatra, membro da Escola de Psicanálise de Campinas (EPC), convidada especialmente para o evento.

Segundo Márcio Mariguela, coordenador do projeto, Lacan considerava muito significativos esses personagens. Nas palavras do psicanalista francês, "Um e outro, nos diz o título da peça, estão mortos. Antes fosse verdade! Nada disso, Rosencrantz e Guildenstern estarão sempre lá". Anteriormente, Lacan já havia evocado ambos no seu escrito ‘A instância da letra no inconsciente’, exposição de 9/maio/57 aos membros do grupo de filosofia da Federação dos Estudantes de Letras, no anfiteatro Descartes, na Sorbonne, Paris.

Filme: Rosencrantz e Guildenstern estão mortos, 117 min, 1990; dir. : Tom Stoppard. Sessão: 29/ago. – dom., às 16h
Local: Clínica de Psicanálise – R. Prudente de Moraes, 1.314 – Bairro Alto – Piracicaba
Inscrições gratuitas: mmariguela@gmail.com (vagas limitadas)
Foto: divulgação

‘Reciclonices’ no Sesi-Piracicaba

O teatro do SESI Piracicaba traz neste fim de semana (28 e 29/ago.), às 16h, o espetáculo Reciclonices, no qual três catadores de papel se aventuram em descobrir a história dos objetos e o sentido para o termo 'sustentabilidade'. Sob a direção de Charles Geraldi, as situações dramáticas divertidas da montagem permitem que os atores estabeleçam com o público jovem um diálogo mediador entre o desenvolvimento urbano e a preservação ambiental.

Duração: 60 min.; gênero: fábula; modalidade: infantil; classificação: livre; entrada: franca
SESI Piracicaba: Av. Luiz Ralph Benatti, 600 - Vila Industrial. Capacidade: 330 lugares
Informações: (19) 3403-5900 / 5928

24 de agosto de 2010

Espaço Cultural da Ema e Pássaro Preto é inaugurado

Novo espaço cultural é aberto em Piracicaba: o da Ema e Pássaro Preto Instrumento de Percussão. Com proposta de cursos e oficinas de artes plásticas em linguagens como desenho, pintura, gravura, xilogravura e modelagem na argila, de oficinas de percussão com foco nos ritmos regionais e montagem periódicas de exposições, a inauguração se dará nesta sexta (27/ago.), às 18h, na sede do grupo: Rua Moraes Barros, 176 – Centro (ao lado da Pinacoteca).

No mesmo local funcionará também o Bloco da Ema e do Porto Maracatu, e ainda o principal ponto de venda dos instrumentos de percussão Pássaro Preto, de confecção artesanal. A programação do evento contará com a abertura da exposições de pintura do multi-artista Tony Azevedo e de instrumentos de percussão de Fabiano Nogueira. E ainda: telão com o filme Acorda Povo, Viva São João!, do Cineasta Roberto Machado, apresentações como das associações de Capoeira Engenho Central (mestre Geninho), Afro Desp. e Cultural Eres (mestre Vandeco) e Resgate da Capoeira (mestre Miço), entre várias outras atrações.

Contatos: (19) 3422-6396 – 9188-8237 – 9175-5320

23 de agosto de 2010

Na era do e-book, indústria aposta no livro de papel

Em plena era das mídias eletrônicas, a indústria vem investindo no desenvolvimento de novos tipos de papel com vistas ao suporte impresso. Matéria do caderno Negócios do jornal O Estado de São Paulo (21/ago./10, p. B17), assinada por Fernando Scheller, aponta que grandes empresas têm aprimorado papéis especiais para editoras e estão prevendo alta de até 30% na produção para o segmento neste ano.

O artigo “Na era do e-book, indústria aposta no livro de papel” destaca que a estratégia, como a da Suzano Papel e Celulose, de criar papel novo para uma leitura mais agradável aos olhos, os chamados papéis off-white, mira a expansão na oferta para impressão já em 2010. Os números são significativos: a MD Papéis, por exemplo, produz 12 mil toneladas/ano do Chamois, de cor amarela, e a Suzano fabricou 9 mil toneladas ano passado.

Tadeu Souza, diretor comercial da MD Papéis, também descarta que os e-books venham a atrapalhar o desempenho das vendas para as editoras. "Os livros eletrônicos não substituem a experiência do papel. Um livro pode ser grifado, emprestado a outros e guardado", afirma ele. E a matéria de Scheller ainda traz outros dados interessantes do mercado editorial: “a produção e a venda de livros cresceram acima da média da economia em 2009, quando o PIB brasileiro recuou 0,2%. A produção de livros saltou 13,5%, para 386 milhões de exemplares”.

Leia na íntegra tal artigo clincado aqui neste link.
Foto: Jac©Edit

19 de agosto de 2010

Dia nacional da fotografia


Um brinde ao Dia Nacional da Fotografia!


Por lembrança do fotógrafo sempre atento Julio Garbellini.
Fotos: Jac©Edit

18 de agosto de 2010

Cangaço, assunto sempre em pauta

O Caderno 2 de O Estado de S. Paulo (p. D3) de hoje traz matéria tratando o livro O Outro Olho de Lampião, do jornalista Artur Aymoré, em análise comparativa a Os Cangaceiros, Ensaios de Interpretação Histórica, do historiador Luiz Bernardo Pericás (Boitempo, 316p., R$ 54,00). Assinada pelo jornalista e escritor Moacir Assunção, o artigo 'Cangaceiro, um assunto delicado', publicado na seção 'Livros. Lançamentos' indica serem ambas publicações sérias que devolvem ao cangaço lugar de honra na academia. Moacir, também autor de Os Homens que Mataram o Facínora (Record, 216p.), considera que tais livros "jogam mais luzes sobre este tema, quase sempre tratado com algum menosprezo pela academia".

Para deleite dos interessados no tema, o mesmo Caderno 2 traz ainda, em sua primeira página, a matéria "A moda do cangaço", de Ubiratan Brasil, abordando Estrelas de Couro, a estética do cangaço, livro de Frederico Pernambucano de Mello (Escrituras; 258p.; R$ 150,00), que revela o gosto apurado dos bandoleiros na vestimenta e nos instrumentos para a caatinga.

O Outro Olho de Lampião. A imprensa e o cangaceiro. Pref. ALBERTO DINES; 192p.; 21 cm; R$ 38,00; ISBN 978-85-60677-09-2; Piracicaba: Jacintha Editores, 2010
Ilustração: Sérgio Sdrous

12 de agosto de 2010

Sarau ‘O Olhar e a Obra: (des)estática’ em Sampa

A Rede Clínica de Psicanálise Um Lugar, de São Paulo, está promovendo neste sábado (14/ago.), o sarau ‘O Olhar e a Obra: (des)estática’. Com apresentações musicais, um debate coordenado pela psicanalista Cláudia Vigna (‘Arte e psicanálise‘) e ainda queijo e vinho no cardápio cultural, o evento contará também com a abertura da exposição ‘Recortes urbanos’, do artista plástico André Ricardo (detalhe de uma de suas obras ilustra esta postagem).

‘O Olhar e a Obra': Rua Cardeal Arco Verde, 833/cj 1, Pinheiros – São Paulo; 15h abertura; 18h exposição; curadoria: Juliana Froehlich

Rede Clínica de Psicanálise Um Lugar: (11) 3266-2601; um.lugar@yahoo.com; www.umlugarpsicanalise.blogspot.com
Obras de André Ricardo: www.andrericardo10.blogspot.com

9 de agosto de 2010

Falando da Vida em seus 25 anos!

O Falando da Vida está fazendo 25 anos de apresentações anuais ininterruptas, com puro sucesso de público e de crítica. Composto por 22 músicos, o grupo trará o show ‘Marcas do Tempo’ no próximo fim de semana (13 a 15/ago.) no Teatro Municipal de Piracicaba, pautado pelas marcas do Falando: vocal, duetos, música da terra, clássicos nacionais e internacionais e rock, com canções que marcaram os 24 shows anteriores.

Como sempre, os espetáculos terão arrecadação beneficente, dessa vez destinada à VACCIP e à Aliança de Misericórdia. No total, as doações dos anos anteriores representaram cerca de U$ 160.000,00 a entidades assistenciais de Piracicaba, como Lar Betel, Casa do Bom Menino, Creche São Vicente de Paula, C.S. Cáritas, APAE etc.

Falando da Vida: www.falandodavida.com.br
‘Marcas do Tempo’: Teatro Municipal dias 13 (6.a, às 21h), 14 (sáb., às 21h30) e 15 (dom., às 20h). Produção e direção geral: Newman Ribeiro Simões; direção musical: Janu; coordenação: André Cillo

5 de agosto de 2010

'Escrever com os olhos para reinventar a vida'

A Dança dos Beija-flores no Camarão Amarelo, de autoria de Lucília Reboredo (Jacintha Editores, 2010, 124p.) está com lançamento marcado: 18/set., no Centro Cultural Martha Watts, em Piracicaba. Acometida por esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neurológica que lhe paralisou os comandos motores, Lucília redigiu tudo aquilo aí disponibilizado ao leitor 'soletrando com os olhos’, única parte do corpo sobre o qual tem domínio. Em um processo lento, o movimento dos olhos indica letra a letra, a partir de uma tabela alfanumérica que uma pessoa lhe apresenta: cada letra é anotada para compor as palavras e frases que a autora quer expressar.

Assim, neste sábado (7/ago.), o Jornal de Piracicaba trará artigo do psicanalista Márcio Mariguela a respeito desse livro da 'guerreira amazona', como ele chega a nomear Lucília. Profundamente tocado pela leitura do “lúcido exercício psíquico” da autora, Mariguela assina no JP 'Escrever com os olhos para reinventar a vida' (p.3), em que trata a mulher sensível e a professora de psicologia social com atuação política, "marcada pelo compromisso com o resgate da cidadania através de novos laços de convivência social".

Além de comentar os que, como ele, tiveram o privilégio de conviver com Lucília no ambiente acadêmico, Mariguela se concentra em alinhavar, a partir da própria narrativa de Lucília no livro, a constante reinvenção de possibilidades comunicativas da professora, que "logo percebeu que a ELA não paralisava sua criatividade". E, como sempre fez em sua vida, refez-se na criação de outras maneiras de se expressar, até fazer-se escritura no próprio livro, como inscrição da vida que lhe é própria.

Delicado e muito bem costurado, o artigo de Mariguela no JP constitui um ótimo introito a essa publicação de Lucília Reboredo, a ser lançado no mês que vem!

Imagem: mandala 'Amanheceu novo dia com ELA', de Lucília Reboredo

3 de agosto de 2010

Casa do Salgot recebe o artista plástico Stevenson Moschini

Verdadeiro espaço de cultura, a Casa do Salgot Sabores & Saberes inaugura, neste sábado (7/ago.), às 17h, a exposição 'Cheio de gente, cheio de bicho', do artista plástico Stevenson Moschini. Com suas obras em técnica mista, acrílica e óleo sobre tela, o artista piracicabano tece em seus trabalhos o contraste da serenidade e leveza, em meio ao confuso e caótico. Algo que o crítico de arte Oscar D’Ambrosio classificou como ‘santa insatisfação’: “o descontentamento se torna visível na constante busca que cada tela propõe. O grande assunto é a procura de uma solução plástica para uma energia que extravasa em cada nova composição, marcada por um saber muito pessoal, desenvolvido na mistura do pensar com o fazer”.

Stevenson é graduado em geografia pela Unesp (Rio Claro) e possui mestrado em educação, pelo núcleo de Filosofia da Unimep (Piracicaba). Neste ano já havia exposto na mostra coletiva de inauguração do Ponto de Cultura Garapa e também como um dos participantes da exposição ‘Divino Espírito Santo’ no Lao Bar, ambos em Piracicaba. Agora a Casa do Salgot, sob o comando da sempre elétrica Lídice Salgot e do seu irmão Francisco Sérgio, terão a satisfação de recepcionar o artista.

Casa do Salgot Sabores & Saberes: (19) 3432-8647; http://www.casadosalgot.com.br/
Rua Floriano Peixoto, 2.088 - Bairro Alto (ao lado do Itaú da Av. Independência) - Piracicaba
Período da exposição: 9/ago. a 2/set.; de 2.a a 6.a-feira, das 10h às 19h30; aos sábados, das 10h às 13h30

III Fórum de Tradições Populares de Piracicaba

Formado pela reunião de diversas instituições da cidade para articular, discutir e fomentar políticas culturais em torno da cultura popular tradicional, o Fórum das Tradições Populares de Piracicaba entra neste mês em sua terceira edição. Tais políticas, articulações e incentivos promovidos por ele, no ano em que o evento se torna lei municipal, são importantes para salvaguardar a própria identidade da cidade, seu futuro sustentável e a qualidade de vida do povo que nela habita e a constrói. Para tanto, o envolvimento e compromisso da mais ampla de representantes de nossa comunidade se faz decisivo.

Programação

12/ago. – 5.-feira
17h - Abertura da mostra Tradição Popular em Arte de Piracicaba
Local: Centro Cultural Martha Watts, Rua Boa Morte, 1.257

18/ago. – 4.-feira
18h30 - Fórum na roda - bate papo sobre cultura tradicional e pertencimento
Local: Centro Cultural Martha Watts. Rua Boa Morte, 1.257

21/ago. - sábado
16h - Visita ao marco zero de Piracicaba
18h - Intervenção teatral do núcleo de artes cênicas do SESI
19h - Abertura oficial
19h30 - Show com Orquestra de Viola de Piracicaba e cururueiros, seguido de festa
Local: Armazém 14 do Engenho Central

22/ago. - domingo
10h - Oficina de educomunicação
16h - Oficina de ritmos e danças tradicionais
17h - Ciranda com Batuque de Umbigada, Samba Lenço, Congada do Divino e outras manifestações
19h - Nomeação do guardião do estandarte do Fórum seguido de festa
Local: Armazém 14 do Engenho Central

30/ago. – 2.-feira
17h - Encontro de avaliação
Local: Lao Bar Bistrô. Rua do Vergueiro, 156

Mais informações: www.tradicoesdepiracicaba.com.br/
Participe e ajude a divulgar!
Pró-Cultura de Piracicaba: Rua Saldanha Marinho, 248 - Centro - Piracicaba. (19) 3301-2201 / 3374-0764 / 9603-1996; procultura.depiracicaba@gmail.com
Foto: Jac©Edit

1 de agosto de 2010

Centro Avante: visite-o antes de ir a Sampa

Morar em uma grande cidade ou em uma pequena pode constitui opção de vida, para aqueles que têm condições de fazer tal escolha: o agito e oportunidades das metrópoles versus o ritmo mais pacto de cidades interioranas. Mais há um fato inegável: a força diferencial que uma cidade como São Paulo possui, por exemplo, no quesito produção cultural. Goste-se ou não dela, moremos ou não nela por opção (ou não...), se você quer ficar antenado no que vai de mais diverso e atual, há que se passar por lá.

Para os estudantes de jornalismo do interior paulista, em particular, e para todos aqueles futuros profissionais ligados à comunicação e humanidades que, a distância média e servidos pelas boas estradas do estado, podem regularmente ter acesso a essa característica da capital, fica aqui a dica de um site rico em informações sobre o que vai na cultura da gigante São Paulo: Centro Avante, do grupo Globo/revista Época.

O centro da nossa maior cidade é aí vasculhado e apresentado naquilo que possui de mais interessante em teatro, música, sebos, pintura, arquitetura, exposições, urbanismo, intervenções... Textos bem conduzidos, farto material fotográfico, muito boa diversidade de assuntos.

Lamento pelos que insistem em alimentar birra com São Paulo, mas ela é obrigatória! E, antes de futuras visitas, passe por esse site para aproveitá-la ainda mais.

Foto: Fabio Knoll, para a exposição “Cortiços – a experiência de São Paulo”, Estação Júlio Prestes, em matéria ‘Por dentro dos cortiços’, de Nathalia Ziemkiewicz (29/jul./10)

Jornalismo e novas tecnologias

A revista Época desta semana (2/ago./10) traz editorial abordando aspecto extremamente atual sobre o jornalismo: novas tecnologias e o futuro da profissão. Assinado pelo diretor de Redação Helio Gurovitz, o texto identifica que a diversidade de opções e a redução de custos para se publicar propiciadas pelas tecnologias digitais permitem que todo mundo pode publicar qualquer coisa no ciberespaço, e com isso ainda se achar jornalista. Daí, no mar de blogs e sites que habitam a web, navegarem as opiniões das mais contundentes e versões de fatos das mais desencontradas.

No referente à efetiva prática jornalística em tal suporte, ressente-se a falta das características essenciais do jornalismo: informações verazes e equilíbrio entre as várias versões na interpretação dos acontecimentos. A revista defende, assim, serem os jornalistas necessários para cumprir uma missão importantíssima numa sociedade democrática, que, ‘embora aparentemente ao alcance de qualquer um, depende de conhecimentos técnicos e de um tipo de sensibilidade para os fatos que só pode ser desenvolvido lidando com as informações de modo profissional”. E assevera: “acreditamos na responsabilidade e no equilíbrio”.

Com isso, remete ao recente exemplo em que as novas tecnologias se valem do exercício do jornalismo sério: o tratamento dispensado pelo site WikiLeaks, comandado pelo australiano Julian Assange. O site reúne um grupo de hackers com o objetivo de vazar na internet segredos de Estado e informações sensíveis. Se por um lado há um claro viés jornalístico no levantamento de informações, por outro elas são disponibilizadas em sua forma bruta, distante dos procedimentos das redações convencionais.

Ao obter 90 mil documentos secretos sobre a Guerra do Afeganistão, e percebendo a imensidão do impactode tal material, o WikiLeaks resolveu compartilhá-los com os jornais The New York Times (americano) e The Guardian (inglês) e a revista alemã Der Spiegel, para que as informações ali contidas fossem avaliadas e analisadas. Desse modo consubstanciadas, foram então divulgadas em parceria com essas publicações. A responsabilidade ética aí envolvida levou, por exemplo, a se omitir do pacote todos os documentos que pudessem colocar vidas em risco.

Com esse exemplo do site WikiLeaks, tratado na mesma edição de Época em matéria assinada por Paulo Nogueira ‘As bombas e o jornalismo’ (p. 82), o editorial conclui que “esse novo tipo de jornalismo promete ter consequências muito mais duradouras e relevantes do que o opinionismo vazio que emana da blogosfera”.