5 de setembro de 2016

“A Dança dos Beija-Flores” é disponibilizado gratuitamente

“A ela (esclerose lateral amiotrófica) chegou sorrateiramente em minha vida, em meados do segundo semestre de 2003. Nos três anos posteriores, sua ação foi devastadora: tirou-me a fala, imobilizou minhas pernas e braços, comprometeu músculos responsáveis pela mastigação, deglutição e respiração. Com a ausência da conexão neuromuscular, meu corpo perdeu tônus, leveza e sustentação, passando a pesar literalmente o peso físico.”
É com essa fluidez de linguagem e lucidez nas emoções, arrebatando o leitor a cada parágrafo, que a doutora em psicologia social Lucília Augusta Reboredo registrou o seu percurso de adoecimento em um livro extremamente corajoso. Publicado em setembro de 2010, A Dança dos Beija-Flores no Camarão Amarelo é um verdadeiro tributo à vida, no relato do seu usufruto mesmo em condições-limite.
Apesar dessas qualidades, ou justamente por isso, a edição do livro estava esgotada, impossibilitando o acesso à publicação por um número contínuo de pessoas. Mariá Aparecida Pelissari, a Peli, companheira da Lucília e detentora dos diretos sobre a obra, decidiu então disponibilizar gratuitamente o livro em versão eletrônica. Certamente um gesto expressivo da generosidade que marcou a vida da própria Lucília.

Sobre a autora

Lucília Augusta Reboredo graduou-se em psicologia (Universidade de Mogi das Cruzes) e tornou-se professora, mestre e doutora em psicologia social pela puc-sp. Foi convidada, em 1982, para implantar a área de estágio em psicologia social na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Até 2003, trabalhou na instituição como professora, tendo ocupado também a assessoria de Extensão da Vice-Reitoria Acadêmica.
A patologia desenvolvida por Lucília a afastou abrupta e definitivamente da carreira docente. A ela, doença neurológica caracterizada pela paralisia progressiva de todos os comandos motores, na época era razoavelmente desconhecida e de difícil diagnóstico. A doença roubou progressivamente os movimentos do seu corpo, mas, como a própria Lucília registra, “preservou todas as sensações e a lucidez para poder sentir o peso e a crueldade do aprisionamento no próprio corpo”.
Foi para falar sobre paradoxos como esse, sentidos na concretude do físico e no rumo que ganhou a sua existência, que Lucília publicou suas reflexões, agora compartilhadas com todos por meio de acesso eletrônico.
Em decorrência de complicações da doença, Lucília faleceu em 8 de dezembro de 2012.

A Dança dos Beija-Flores no Camarão Amarelo. Lucília Augusta Reboredo. Apres.: Ely Eser Barreto César. Projeto gráfico e capa: Juliana Mesquita. ISBN 978-85-60677-10-8; 124p. Jacintha Editores, 2010.

Clique aqui para baixar o pdf de A Dança dos Beija-Flores no Camarão Amarelo.


Disponibilização eletrônica realizada pelo time da Elmefaria Comunicação e Design, a quem muito agradecemos.

30 de agosto de 2016

A forja e a têmpera do comandante ganham registro


Chega a ser paradoxal. Para retratar um homem de poucas palavras e de contido trato social, O Mar, a Forja e a Têmpera do Comandante teve de se valer de boa dose de adjetivos. É que as realizações do economista e empresário Washington Barbeito de Vasconcellos, aqui documentadas, são mesmo superlativas e pedem dimensionamento à altura.
Em seu itinerário de vida, ele agregou à farta experiência no mar – como comandante da Marinha de Guerra – profundo domínio técnico em construção naval. Rebelde às imposições do ambiente militar, nele se valeu de todos os cursos que lhe foram oferecidos. Colecionou polêmicas, apresentou resoluções inesperados nas distintas funções que exerceu, galgou patentes até às portas do almirantado. E é dessa época que preserva seus amigos mais queridos.
Washington se fez também professor universitário e, defensor incansável do liberalismo de mercado, abriu velas à sua veia nata para os negócios. Ao pedir reforma da Marinha, destacou-se na Vale do Rio Doce antes de se tornar armador. Hard-worker por excelência, o comandante é dessas figuras raras conduzidas, antes de mais nada, pela razão. Somando a ela farta vivência internacional, fundou empresas no Brasil, contrapondo-se a nossas mazelas jurídicas, políticas e econômicas. A Transroll Navegação, que criou em 1975, chegou a ser a maior companhia brasileira no segmento de serviços de transporte.
A vida do comandante Barbeito há muito carecia de um registro à altura dos seus feitos, como comenta a economista e empresária Agnes Bullentini. “A abordagem jornalística desta publicação, ilustrada por farto material fotográfico, vem corrigir tal lacuna,” afirma ela, “fazendo justiça à história de Washington e a inserindo, com a devida riqueza de detalhes, na memória do empreendedorismo nacional.”
Para identificar a inteligência arguta de Barbeito, uma conversa com ele é o suficiente. Mas a elegância da sua prosa, com ares quase de timidez, encobre a sofisticação do seu senso de oportunidade e a garra leonina com que sobrepujou os incontáveis desafios que lhe surgiram.
Por tudo isso, a esteira de espuma que Washington Barbeito de Vasconcellos deixa em seu percurso, registrado em detalhes neste livro, certamente proporcionará ao leitor o mesmo sentimento que o advogado José Roberto de Castro Neves, referindo-se ao comandante, externa no prefácio: o privilégio de se conhecer um ser humano notável! 


O Mar, a Forja e a Têmpera do Comandante. A vida de Washington Barbeito de Vasconcelos. Heitor Amílcar. São Paulo: JacEdit, 2015; 176p.; ISBN 978-85-60677-18-4. Apres.: José Roberto de Castro Neves. Contracapa: Agnes Bullentini. Proj. e prod. gráfica: Oficina de Ideias.