No referente à efetiva prática jornalística em tal suporte, ressente-se a falta das características essenciais do jornalismo: informações verazes e equilíbrio entre as várias versões na interpretação dos acontecimentos. A revista defende, assim, serem os jornalistas necessários para cumprir uma missão importantíssima numa sociedade democrática, que, ‘embora aparentemente ao alcance de qualquer um, depende de conhecimentos técnicos e de um tipo de sensibilidade para os fatos que só pode ser desenvolvido lidando com as informações de modo profissional”. E assevera: “acreditamos na responsabilidade e no equilíbrio”.
Com isso, remete ao recente exemplo em que as novas tecnologias se valem do exercício do jornalismo sério: o tratamento dispensado pelo site WikiLeaks, comandado pelo australiano Julian Assange. O site reúne um grupo de hackers com o objetivo de vazar na internet segredos de Estado e informações sensíveis. Se por um lado há um claro viés jornalístico no levantamento de informações, por outro elas são disponibilizadas em sua forma bruta, distante dos procedimentos das redações convencionais.
Ao obter 90 mil documentos secretos sobre a Guerra do Afeganistão, e percebendo a imensidão do impactode tal material, o WikiLeaks resolveu compartilhá-los com os jornais The New York Times (americano) e The Guardian (inglês) e a revista alemã Der Spiegel, para que as informações ali contidas fossem avaliadas e analisadas. Desse modo consubstanciadas, foram então divulgadas em parceria com essas publicações. A responsabilidade ética aí envolvida levou, por exemplo, a se omitir do pacote todos os documentos que pudessem colocar vidas em risco.
Com esse exemplo do site WikiLeaks, tratado na mesma edição de Época em matéria assinada por Paulo Nogueira ‘As bombas e o jornalismo’ (p. 82), o editorial conclui que “esse novo tipo de jornalismo promete ter consequências muito mais duradouras e relevantes do que o opinionismo vazio que emana da blogosfera”.
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