O humorista Juca Chaves contava que, num voo Rio-São Paulo, uma formosa jovem sentou-se ao seu lado; após alguma conversa, ele indagou se ela toparia ir para a cama com ele por 5 milhões de dólares. A moça respondeu prontamente: “Claro, quando você quiser!”. E então ele perguntou: “E por 50 reais?”. Ao que a moça reagiu enfurecida: “O senhor está pensando que eu sou uma prostituta?”. “Bem, isso já ficou decidido na primeira pergunta, agora é só uma questão de preço”, concluiu Juca.
Tal qual na piada, políticos que pedem o voto dos eleitores e depois, ocupando cargos públicos, fraudam concorrências, desviam verbas, buscam indevidamente o cancelamento de multas, nomeiam parentes ou contratam fantasmas, trocam apoio político por benesses e mesmo por dinheiro, ou ainda, de algum modo, usam o cargo em benefício próprio são e sempre serão ladrões – do mesmo modo que fazer sexo com alguém por dinheiro, independentemente do valor, é prostituição pura e simplesmente.
Prostitutas e traficantes pelo menos informam suas intenções. Já os políticos venais juram, com a maior desfaçatez, serem honestos. Alguns, amparados até por igrejas, ainda dizem ser apoiados por Deus e trabalhar por amor ao próximo, quando, na realidade, em troca de favores pessoais, deixam de cumprir o papel para os quais foram realmente eleitos. Seja no Senado ou nas Câmaras de Vereadores, na Presidência da República ou na Prefeitura de qualquer cidade, é corrupto tanto o que frauda concorrências e embolsa milhões quanto aquele que troca seu apoio por dinheiro ou leva um grampeador para casa.
Infelizmente, o brasileiro sofre de baixa autoestima e se deleita com o aceno de um figurão da política, mesmo sabendo que o tal figurão é um assaltante da coisa pública. Por conta disso, a criminalidade cresce aceleradamente em todas as áreas, pois se aqueles que criam leis são eles próprios ladrões, lógico está que não farão leis sérias, estabelecendo punições rígidas para delinquentes. Se quisermos reduzir a criminalidade no país, é preciso iniciar pelo exercício do direito que temos de cobrar honestidade dos nossos políticos e o de puni-los com manifestações, indicando claramente que não toleramos desvios de conduta daqueles pagos pelos nossos impostos.
Recordo-me que, em 1989, após a queda do Muro de Berlin, o então primeiro ministro Helmut Kohl disse aos eleitores que não haveria aumento de impostos para custear a reunificação da Alemanha. Em 1991, estando eu novamente naquele país, vi que Kohl era recebido com ovos e tomates toda vez que vinha a público, e me foi explicado que o povo assim fazia porque ele mentira: aumentara impostos para custear a reunificação. Não recomendo atirar tomates nem ovos em políticos safados e mentirosos, pois isso geraria imediata escassez desses produtos... Mas devemos dar as costas sempre que cruzarmos com um político venal, que não queira investigar colegas ou que se beneficie do cargo indevidamente. Essa seria a política da tolerância zero.
Celso Leite
administrador, consultor, professor e tradutor juramentado
Nenhum comentário:
Postar um comentário