"Algumas coisas mudam; outras, não
Suzana Singer
O ‘JORNAL DO FUTURO’ mal começou e os leitores já estão preocupados, principalmente com a renovação do time de colunistas. A despedida, sentida, de Paulo Nogueira Batista Jr., que descreveu seu desligamento como uma ‘execução sumária’, provocou indignação.
Muitos temem que o seu afastamento e a mudança do nome do caderno de Dinheiro para Mercado signifique a rendição a políticas neoliberais. (...)
O desconforto dos leitores só aumentou com o anúncio de que o deputado Antonio Palocci passa a escrever sobre economia. Palocci é um dos coordenadores de campanha de Dilma Rousseff e foi investigado por corrupção e por violação de sigilo bancário -em ambos os casos, nem chegou a se tornar réu.
‘A Folha vai contratar também o coordenador de campanha do PSDB e dos demais candidatos?’, perguntou Fernando Domicildes Carvalho, 58, tradutor.
(...) Mas faz sentido questionar o convite a Palocci, que estava até ontem em Nova York apresentando Dilma a investidores estrangeiros. Uma de suas missões na campanha é torná-la ‘palatável’ aos que temem as ideias da ex-militante de esquerda. Dar-lhe uma coluna agora é, no mínimo, extemporâneo.
(...) Mas faz sentido questionar o convite a Palocci, que estava até ontem em Nova York apresentando Dilma a investidores estrangeiros. Uma de suas missões na campanha é torná-la ‘palatável’ aos que temem as ideias da ex-militante de esquerda. Dar-lhe uma coluna agora é, no mínimo, extemporâneo.
JOSÉ SARNEY
Da mesma forma, não faz sentido manter a coluna semanal de Marina Silva. Apesar de ser formalmente ‘pré-candidata’, ela está em plena campanha, ninguém duvida. Pelas regras da Folha, ela só perderá seu espaço fixo depois da convenção partidária, o que deve ocorrer em 10 de junho.
‘Vi as mudanças anunciadas e pensei: só falta chegar a sexta-feira e eu ver aquele nome ali de novo! Para ler a página 2, que tem articulistas excepcionais, eu cubro com um papel a coluna vertical’, diz Olga Bolzan Batista, 73.
(...) O difícil de entender é por que agora, no jornal do futuro, não se atendeu o apelo dos leitores. Como diz a campanha publicitária, ‘a Folha podia perfeitamente não mudar, mas aí não seria a Folha." (Copyright Folha de São Paulo, 23/5/10)
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