Crítico de arte, biógrafo, tradutor e ensaísta. Mas, antes de tudo, poeta. E dos grandes. Assim reconhecido, e aclamado, às vésperas de completar 80 anos de idade, Ferreira Gullar acaba de receber a mais importante distinção literária em língua portuguesa. Trata-se do Prêmio Camões, instituído em 1989 pelos governos português e brasileiro, e concedido, desde então, anualmente pelo Instituto Camões e pela Fundação Biblioteca Nacional.
O anúncio do vencedor foi feito nessa 2.a feira, em Lisboa, pela ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas, e pela comissão julgadora, durante cerimônia no Museu Nacional de Arte Antiga. De acordo com o texto assinado pelos seis membros do júri, o critério adotado para a escolha de Gullar foi “a alta relevância estética de sua obra, em especial a poesia, incorporando com mestria tanto a nota pessoal do lirismo quanto a defesa de valores éticos universais”. Ele é o segundo poeta brasileiro a receber tal honraria – em 1990, João Cabral de Melo Neto a recebeu.
Enquanto seu nome era escolhido em Portugal, Gullar viajava pelo interior paulista como convidado do projeto Viagem Literária, promovido pelo governo do Estado de São Paulo.
Natural de São Luís do Maranhão, Ferreira Gullar já havia recebido, em 2007, o Prêmio Jabuti, concedido pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, e, em 2005, o Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras. É autor, entre outros, de Poema Sujo (1975), avaliado como “o mais importante poema escrito em qualquer língua nas últimas décadas” por ninguém menos do que o poetinha Vinicius de Moraes.
Para deleite geral, segue reproduzido o poema “That is the question”:
....Dois e dois são quatro.
....Nasci cresci
....para me converter em retrato?
....em fonema? em morfema?
....Aceito
....ou detono o poema?
Em Muitas Vozes: poemas, Ferreira Gullar, 1999.
Foto: Wilton Junior/AE, publicada no Portal Literal.
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