21 de março de 2011

De onde vêm as boas ideias: o acaso favorece as mentes conectadas

Todos nós estamos interessados em ser mais criativos e ter ideias cada vez melhores, bem como as organizações, em serem sempre inovadoras. Mas qual o caminho das pedras para tanto? Trata-se de uma questão particularmente instigante num mundo em que as atividades humanas são por excelência colaborativas, o que levaria a uma primeira pista: com relações produtivas a partir de tal carga de conexões, quanto mais conectado, maior a tendência para ideias verdadeiramente originais.
......É justamente de onde parte o mais novo livro do americano Steven Johnson, tido como um dos maiores pensadores do ciberespaço, buscando identificar De Onde Vêm as Boas Ideias, a ser publicado neste ano pela Zahar. Em Where Good Ideas Come From. The natural history of innovation (2010), o ex-colunista da badalada Wired e editor-chefe e co-fundador da Feed, premiada revista cultural on-line, defende que inovação nasce do caos, e não, como se convenciona imaginar, a partir de insights geniais tirados do nada após momentos de isolamento em contemplação.
......Graduado em semiótica pela Brown University e em literatura inglesa pela Columbia University, aos 41 anos de idade, Johnson vive em Nova Iorque desde 1991. Sua concepção de conectividade da inovação indica que, com frequência, as melhores ideias surgem de redes de outras ideias ou da criação a partir de processos e ideias já inventados. Cabe “pegar emprestada uma ideia de outra pessoa e desenvolvê-la em outro campo, fazer algo completamente novo”. Para ele, ideias revolucionárias não tendem a surgir de surto repentino de inspiração. Elas precisam de tempo de hibernação e acabam surgindo como fruto da fusão de palpites pontuais, originalmente isolados, menores, portanto, do que aquilo no qual resultam. Ótimo exemplo disso é apresentado no filme que narra a criação do Facebook, A Rede Social.
......Para Jonhson, uma meta seria criar sistemas promotores de palpites que se unam e se tornem algo verdadeiramente maior. Ele destaca a importância que, por exemplo, cafés e salões parisienses tiveram para fomentar ideais e inovações que desaguaram no Iluminismo e Modernismo. Esses locais constituíram verdadeiros motores de criatividade, a combinar ideias antes dispersas para ganhar formas novas. Vem da importância de se estimular esses processos, observa ele, a longa história de “defesa de sistemas abertos, seja em universidades, seja em ciência experimental, seja na internet”.
......Frente ao debate atual sobre o que o mundo da web, com seu estilo de vida multifuncional e hirperconectado, estaria causando ao nosso cérebro, Jonhson argumenta que “o grande propulsor da inovação científica e tecnológica sempre foi o aumento histórico na conectividade e na capacidade de buscar outras pessoas com quem possamos trocar ideias e pegar emprestado palpites alheios, combiná-los com nossos próprios palpites e transformá-los em algo novo”. Eis aí, para ele, o motor primordial da criatividade e da inovação nos últimos séculos.
......Nesse sentido, classifica como maravilhoso aquilo trazido pelos recursos tecnológicos nos últimos 15 anos: “temos tantas novas formas de nos conectar e tantas novas formas de buscar e encontrar novas pessoas que possuem aquela peça que faltava para completar a ideia com que estávamos trabalhando ou com alguma informação nova ou incrível que podemos usar para desenvolver ou melhorar as nossas próprias ideias”. Essa seria a verdadeira lição a respeito de onde vêm as boas ideias: “o acaso favorece as mentes conectadas”!
......O vídeo abaixo, um verdadeiro trailer deste livro, é por si só um atrativo, em particular pela animação com que, em minutos, desenvolve a complexa, ainda que translúcida, teia de relações que sustentam a tese de Johnson.

Acesse aqui a entrevista de Steven Johnson em O Globo (14/nov./10)

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