A edição passada da Veja – revista que tem insistido em pautas jornalís- ticas discutíveis sobre bem-estar, saúde e beleza – traz interessante matéria de capa sobre a nova dinâmica de processamento e armazena- mento de informações que vem se instalando definitivamente na rede mundial de computadores. Por seu alcance e magnitude, essa nova tecnologia, conhecida como “computação em nuvem” (cloud computing), começa a modificar a maneira com que pessoas e empresas se relacionam com seus computadores pessoais e corporativos, e deverá determinar a história da computação nos próximos 50 anos.
Na base da computação em nuvem está a virtualização e o arquiva- mento de dados em centenas de data centers mantidos por grandes corporações (como a HP, a Amazon, o Google e a Microsoft) e espalhados pelo planeta; eles permitem que você baixe programas diretamente da web para acessar seus arquivos de qualquer lugar. É que tanto esses softwares (desde simples editores de texto até complexos sistemas operacionais) quanto os seus arquivos particulares deixam de estar alocados exclusivamente na memória do seu computador e passam a ser direcionados para tais ambientes (as nuvens!), de acordo com a demanda do usuário.
Assim, por exemplo, quando salvo no Scribd ou no Google Docs o anexo com a íntegra de um texto postado neste blog (como no caso da matéria “Encontro com Lobo Antunes na FLIP” abaixo), estou armazenando esse documento em uma nuvem digital.
Qual é o resultado disso? Antes de tudo, economia de custos. Em vez de serem obrigadas a investir seu capital na compra de PCs, que se tornam obsoletos em pouco tempo, as companhias podem dispor hoje de desktops digitais, que consistem basicamente de monitores e teclados conectados a um único sistema operacional operando em nuvem. Os serviços de nuvem também possibilitaram, por exemplo, a digitali- zação e o acesso ao público de 71 anos de reportagens do The New York Times. Para hospedar todas essas matérias na rede, o jornal pagou meros 240 dólares.
O cidadão comum também ganha com essa tecnologia. Não por acaso, as vendas de netbooks prometem aumento de 80% em 2009 em relação ao ano passado. Mais baratos e compactos, eles começam a tomar o lugar dos notebooks, desde que se mantenham conectados full-time à internet; do contrário, sua utilidade se anula.
Mas, diante desse quadro que se avizinha, surge a inevitável pergunta: mantidos nas nuvens, que garantia poderemos ter sobre a privacidade desses dados que produzimos? Veremos...
A matéria “Computação sem fronteiras” integra a edição 2.125, n. 32 de Veja, 12/ago./09.
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